terça-feira, 23 de setembro de 2008

MAL DO SÉCULO: o tédio nosso de cada dia


Prof. Augusto Pitta, M.Ed. (State University of New York at Buffalo)
AP Traduções e Assessoramento Internacional Ltda.
http://aptraducoes.googlepages.com/

MAL DO SÉCULO: o tédio nosso de cada dia

“Todo o dia o sol levanta e a gente canta ao sol de todo dia” (Caetano Veloso). “Todo dia ela faz tudo sempre igual...” (Chico Buarque de Holanda). “... Todo dia era dia de índio...” (Baby do Brasil e Pepeu Gomes). “Todos os dias é um vai-e-vem, a vida se repete na estação...” (Simone). E por aí vai! “Nada é novo debaixo do sol” (Rei Salomão). Estas declarações acima nos conduzem ao tédio do nosso cotidiano. Nada mais nos surpreende. Tudo o que ouvimos e/ou vemos que, num primeiro momento, pode parecer inédito, acaba por nos remeter a alguma lembrança de algo igual ou parecido vivido por nós mesmos ou por alguém de quem tivemos notícia. E aquela sensação do “eu já vi/ouvi isso antes” torna-se inevitável. Vivemos numa sociedade planetária onde a falta de tempo é quem está a gerir o nosso próprio tempo, o vosso... Ninguém parece ter mais tempo para nada, nem mesmo para si próprio! E “enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora, vou na valsa, a vida é tão rara” (Lenine). Porém, não rara fosse esta lucidez na maioria de nós, quem sabe teríamos uma postura diferente frente a este frenético ritmo que nos impõe o mundo. Só sei que “mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para” (Lenine). E seguimos nós sem tempo para nós mesmos, para nossos cônjuges, para nossos filhos, para nossos amigos... pára nós! Há quem diga cante que “nada do que foi será do jeito que a gente viu a um segundo” pois “tudo muda o tempo todo no mundo” (Lulu Santos). Todavia, vão-se os anéis, mas ficam-se os dedos! O que muda o tempo todo no mundo talvez seja a forma de as coisas serem feitas, manipuladas... No entanto, em essência, as coisas permanecem, são e estão do mesmo jeito que “Adão e Eva” vivenciaram, e subseqüentemente seus descendentes, ou seja, a gente, depois que supostamente teriam deixado o paraíso, já que “no paraíso, um dia de manhã, Eva comeu maçã e Adão também comeu, então ficou Eva sem nada e Adão sem nada, se Eva deu mancada, Adão também deu!” (Elba Ramalho). Em conclusão, meus amigos, nascemos, reproduzimos, produzimos e morremos. Tudo o que passa disso é vaidade. De fato, “não há nada novo debaixo do sol”! (Rei Salomão). Rebelemo-nos então! Digamos não a este esquema. Precisamos nos dedicar bem mais ao ser do que ao obter. Contra fato, não há argumento: precisamos de nós mesmos, dos nossos cônjuges, dos nossos filhos, dos nossos parentes, dos nossos amigos, da mesma forma (quiçá mais até) que precisamos dos nossos cargos, empregos, empresas, imagens públicas, conquistas, etc. Encontrar um ponto de equilíbrio é algo que urge! A estratégia da hiperocupação laboral é algo que deve nos preocupar. Ela está nos afastando da nossa essência e deixando os nossos entes queridos órfãos da nossa presença.

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