sexta-feira, 23 de maio de 2008

OSHO: A Recompensa em Infelicidade


A Recompensa em Infelicidade

A miséria tem muitas coisas para lhe dar que a felicidade não pode dar. De fato, a felicidade tira muitas coisas de você. A felicidade tira tudo aquilo que você sempre teve, tudo aquilo que você sempre foi, a felicidade lhe destrói.

A miséria nutre seu ego e a felicidade é basicamente um estado sem ego. Este é o problema, o ponto crucial do problema. Eis porque as pessoas acham muito difícil serem felizes.

Eis porque milhões de pessoas no mundo têm que viver na miséria… decidiram viver na miséria. Ela lhes dá um ego muito cristalizado. Sendo miserável, você é Feliz, mas você não é. Na miséria, a cristalização; na felicidade você fica dissolvido.

Se isso for entendido, então as coisas ficam muito claras. A miséria lhe torna especial. Felicidade é um fenômeno universal, não há nada especial sobre ela. As árvores são felizes e os animais são felizes e os pássaros são felizes. Toda existência é feliz, exceto o homem. Sendo miserável, o homem se torna muito especial, extraordinário.

A miséria torna você capaz de atrair a atenção das pessoas. Quando você é miserável você é assistido, simpatizado, amado. Todo mundo começa a cuidar de você. Quem vai querer magoar uma pessoa miserável? Quem tem ciúmes de uma pessoa miserável? Quem vai querer ser contra uma pessoa miserável? Isso poderia ser muito maldoso.

A pessoa miserável é cuidada, amada, assistida. Há um grande investimento na miséria. Se a esposa não for miserável o marido simplesmente tende a esquecê-la. Se ela for miserável o marido não pode se permitir a negligenciá-la. Se o marido for miserável toda a família, a esposa, as crianças estão ao seu redor preocupados com ele; isso dá grande conforto. A pessoa sente que ela não está só, a pessoa tem uma família, amigos.

Quando você está doente, depressivo, na miséria, os amigos vêm visitá-lo, vêm confortá-lo, vêm consolá-lo. Quando você está feliz, os mesmos amigos ficam com ciúmes de você. Quando você está realmente feliz, você vai ver que o mundo todo se voltou contra você.

Ninguém gosta de uma pessoa feliz, porque a pessoa feliz fere os egos dos outros.

Os outros começam a sentir, “Então você ficou feliz e nós ainda estamos rastejando na escuridão, na miséria e no inferno. Como você ousa ser feliz quando estamos todos em tal miséria”!

É claro que o mundo consiste de pessoas miseráveis e ninguém é bastante corajoso para ir contra o mundo inteiro; é muito perigoso, arriscado demais. É melhor se apegar à miséria, isso mantém você como parte da multidão. Feliz, você é um indivíduo; miserável, você é parte da multidão – Hindu, Maometano, Cristão, Indiano, Árabe, Japonês.

Feliz? Você sabe o que a felicidade é? Ela é Hindu, Cristã, Maometana?

A felicidade é simplesmente felicidade. A pessoa é transportada para um outro mundo. A pessoa não faz mais parte do mundo que a mente humana criou, a pessoa não é mais parte do passado, da feia história. A pessoa não é mais absolutamente parte do tempo. Quando você está realmente feliz, alegre, o tempo desaparece, o espaço desaparece.

Albert Einstein disse que no passado os cientistas costumavam pensar que havia duas realidades – tempo e espaço. Mas ele disse que essas duas realidades não são duas – elas são duas faces de uma única realidade. Dessa forma ele cunhou a palavra espaço-tempo, uma única palavra. O tempo não é nada mais senão a quarta dimensão do espaço.

Einstein não era um místico, senão ele poderia ter introduzido a terceira realidade também – o transcendental, nem espaço nem tempo. Isso também está lá, eu o chamo de testemunha. E uma vez que esses três estão lá, você tem toda a trindade. Você tem todo o conceito do trimúrti, as três faces do divino. Assim você tem todas as quatro dimensões. A realidade é quadrimensional: três dimensões de espaço e a quarta dimensão do tempo.

Mas há algo mais, que não pode ser chamado de quinta dimensão, porque não é a quinta realidade, é o todo, o transcendental.

Quando você está feliz você começa a se mover para o transcendental.

Isso não é social, isto não é tradicional, não tem nada a ver com a mente humana, de forma alguma.

Osho, Extraído de: O Livro da Sabedoria